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Poema da Semana

"O propósito do teatro é fazer o gesto recuperar o seu sentido, a palavra o seu tom insubstituível, permitir que o silêncio, como na boa música, seja também ouvido, e que o cenário não se limite ao decorativo e nem mesmo à moldura apenas – mas que todos esses elementos, aproximados de sua pureza teatral específica, formem a estrutura indivisível de um drama."

Clarice Lispector

TM ACOLHIMENTO
Companhia de Teatro de Braga

28 abr 2017
sex, 21h30

Teatro Meridional, Lisboa

110 min (com intervalo)
M/12

no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo no alvo

sinopse

O que está em causa é o próprio Teatro: a Sala, os Artistas e o Público. Parece que os europeus ainda não entenderam até onde nos trouxe a Segunda Guerra. Há hoje uma geração de náufragos nesta Europa, que lutam ferozmente para voltar à tona, sem memória colectiva e com profundo sentido de revanche. São reais, concretos, encantatórios e acreditam que esta Europa pode voltar a ser a sua Europa, a da barbárie.

Personagens asfixiadas em casacas de medo a investirem contra a Cidade. O desamor ou ódio, como estratégia que resta para a sobrevivência.

A Mãe, a Filha, o Escritor dramático, a Criada, não estão apenas sós, uns contra os outros. Eles exibem, também, numa nudez “despudorada” os mecanismos dos cérebros. Num crepuscular “quadro de família” emerge a Figura da Mãe que faz a sua Vida semeando a Morte à sua volta. Ela, que só desejava ver o mar e perceber as marés. Que partiu de mala vazia e para a encher passou por cima de Tudo. Ela, que detestou tanto o marido como adorava ouvi-lo dizer (a despropósito?) ”que tudo está bem quando acaba em bem”. Ele, que pronunciava como ninguém a palavra “fundição” e que com ela teve um Filho, “que ele fez” e que era só “simplesmente horrível”. Nasceu velho e morreu ainda bem novo no berço, donde nunca saiu. Nunca suportaria que fosse conspurcado pela imundície. Sim, a imundície diz ela prolifera por todo o lado, no teatro, na fábrica, nos operários, sim… há 60, há setenta anos “que os trabalhadores triunfam / mas isso ainda os nossos não entenderam / os trabalhadores triunfam / eles têm o caderno na mão / ditam determinam / arruinam-nos completamente… como tu não percebes nada de chá / também não fazes ideia da história do mundo minha filha.” (in No Alvo)

Esta é a minha quarta incursão ao universo Bernhardiano, depois de A Força do Hábito (para o Teatro Experimental do Porto, 1994) e Antes da Reforma (CTB 1999 ) e Simplesmente Complicado (CTB / U.M. 2006). E sempre uma renovada vontade de a ele voltar. É como uma febre que vai e volta.

Rui Madeira

SOBRE O ESPETÁCULO

E se um dia alguém se salvar mesmo? A propósito da estreia de No Alvo em Portugal pela Companhia de Teatro de Braga, com encenação de Rui Madeira

«A felicidade, creio, está dividida da mesma maneira que a infelicidade, chega a todos. A felicidade é uma coisa relativa. E até o perneta ainda tem felicidade, exactamente porque ainda tem uma perna. E aquele que ainda tem tronco e pode viver, pode ser feliz. Isto prolonga-se até ao fim dos tempos. Talvez seja isso a felicidade. E que a felicidade pudesse ser ainda mais do que aquilo que já é, isso talvez não passe de soberba e seja impossível.» Thomas Bernhard1

Salve-se quem puder. Eis o nome da peça que o Escritor dramático, personagem de No Alvo (1981), de Thomas Bernhard, oferece ao comentário das personagens femininas – Mãe e Filha – da mesma obra. Em causa está um artifício literário de vetustíssima tradição, tanto a oriente como a ocidente, através do qual um acontecimento ou episódio adquire relevância no contexto da acção principal. No caso deste drama de Bernhard, a peça dentro da peça desempenha várias funções, nomeadamente a de pôr em evidência a arte de uma cruel verdade, aquela que se assemelha a um encontro para o qual nós espectadores nos temos vindo a preparar, mas também nós como seres humanos nos estamos sempre a preparar, sabendo embora que nunca ninguém se encontra completamente preparado, se salvou ou salvará, i. e., que ninguém escapa ao destino comum à espécie e à sua natureza, apesar da afirmação individual de cada um e sua diferenciação.
Deixamo-nos atravessar, no presente caso, pela abundância da palavra, disparada em todas as direcções e modelada em diferentes tonalidades, por uma mulher, a Mãe, que paradoxalmente não nos deixa ver (fala em excesso, nunca respira silêncio) a suprema dor misturada com o esgar inextinguível de uma vida a pulso, e que disso faz a sua resposta esbracejante, porque está perdida para o que já só pode estar atrás dela, talvez mesmo fora dela, a sua solidão.
Recebemos a peça dentro da peça não como um bem redentor e explicativo (desse acontecimento teatral recolhemos apenas o aplauso e o reconhecimento superficiais), mas como um sublinhado luciferino que, sem se confundir com a acção principal, nos faz escutar uma melodia comum: Salve-se quem puder.
Por antecipação ascendemos a uma paisagem aberta, antes do final dos finais, aquele que estará bem para lá de qualquer gesto salvífico, sem que nunca esse espaço seja alcançado ou pisado, sem que o anunciado barulho do mar e a sua lonjura nos resgatem para a nossa vida fértil, no aqui e no agora, na terra, nesta vida, neste mundo, a que mal temos tempo de nos habituar. Podemos e até talvez saibamos como encontrarmo-nos uns com os outros, a tal arte da verdade, em renda de malha mais ou menos larga, mantendo a esperança de que alguma vez, uma única vez, possamos acertar no alvo que se nos está sempre a escapar como um canto solitário. Talvez esta seja uma arte, a arte da palavra e da verdade, que já não há, e porque ela está em perda, seja nossa função tudo vencermos com o que temos, conscientes daquilo que nos escapa, e assim criarmos proximidade com aquilo a que chamamos uma terra prometida.
No Alvo de Thomas Bernhard oferece-nos um leque de perspectivas de encontros falhados, de vidas que se cruzam tão só ou quase para que exista um jogo, o jogo da linguagem, em que Escritor, Mãe e Filha se exorcizam num fundo de declínio civilizacional que espelha o que são e não são capazes de fazer aquelas personagens em busca, diríamos, de mínimas vitórias pessoais agilizadas por tudo aquilo que não conseguem fazer.
Este parece ser sem dúvida um enorme desafio para qualquer espectador, e sê-lo-á ainda mais se for tida em conta a estranheza com que se esgotam as forças dos actores em cena, criando de si próprios uma duplicidade imaginada. Arte e verdade só perante os incrédulos são tidas como mortas.
Anabela Mendes (5.4.2015)

1Erika Schmied/Wieland Schmied (2012), Thomas Bernhard – Leben und Werk in Bildern und Texten, St. Pölten – Salzburg: Residenz Verlag, 186.

ficha técnica

autor Thomas Bernhard
tradução Anabela Mendes
encenação Rui Madeira
assistente de encenação António Jorge
elenco Eduarda Filipa, Frederico Bustorff, Sílvia Brito e Solange Sá
cenografia Alberto Péssimo, Jorge Gonçalves
figurinos Manuela Bronze
desenho de som Pedro Pinto
desenho de luz Nilton Teixeira
design gráfico Carlos Sampaio
fotografia Paulo Nogueira

FICHA TÉCNICA CTB

director artístico Rui Madeira
conselho artístico Alexej Schipenko, Ana Bustorff, Anna Langhoff, Manuel Guede Oliva, Rui Madeira
direcção Rui Madeira, Manuela Ferreira, Carlos Feio
secretariado Manuela Ferreira
gestão financeira Vilma Magalhães
elenco André Laires, António Jorge, Carlos Feio, Eduarda Filipa, Frederico Bustorff, Jaime Monsanto, Jaime Soares, Rogério Boane, Rui Madeira, Sílvia Brito, Solange Sá
mediação cultural Iullia Serebriakova
assessoria de comunicação João Vilares
produção e marketing Sara Mesquita
centro de criação de vídeo e som / catenária Frederico Bustorff, Pedro Pinto, Pedro Alpoim
design gráfico Carlos Sampaio
fotografia Paulo Nogueira
equipa técnica de construção e montagem Fernando Gomes (Theatro Circo), João Chelo (Companhia de Teatro de Braga), Alfredo Rosário (TC), Vicente Magalhães (TC), Celeste Gomes (costureira |seamstress, CTB), Olga Shumska (costureira)
director técnico do Theatro Circo Celso Ribeiro

Artistas Convidados em 2016:

actores Alexandre Sá, Adrij Kritenko, Mariana Reis
dramaturgo e encenador Abel Neves
cenógrafos Alberto Péssimo, Jorge Gonçalves, Acácio Carvalho
figurinista Manuela Bronze
performer Nils Meisel

125ª PRODUÇÃO do CTB | Ano – 2015

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