de Nicolas Wright
2 out a 9 nov 2025
TM ACOLHIMENTO
Algures – Colectivo de Criação
27 mar a 7 abr 2019
qua a sáb, 21h30
dom, 16h
Teatro Meridional, Lisboa
90 min
M/12
no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite • no fio do azeite
sinopse
Um músico está no palco a ensaiar. Toca o telefone e do outro lado é urgente ir buscar a filha Olívia à escola: há greve de professores. Começa a viagem para ir buscar a filha. O céu adquire uma cor vermelha de pôr do sol constante. E de repente tudo parou. Começa uma viagem que o faz regredir ao tempo em que se escondia num imenso olival. Agora sim, as músicas são novamente urgentes!
O que tem a escola a ver com um lagar? Ou melhor: quais as semelhanças entre uma azeitona e uma criança?
Carlos Marques, músico e criador, encontra-se em palco para nos questionar sobre os processos de produção e os métodos de ensino. Os métodos de produção intensos, rápidos e eficazes estão virados para o consumo instantâneo. Afinal de contas, agora nascemos e somos formados para as necessidades dos mercados. Será que deveremos ser mais do que meros temperos de um mundo consumista e industrial? Teremos que ser obedientes?
Este é um espetáculo de teatro ou um concerto ou uma aula cantada e divertida sobre a educação.
SOBRE O ESPETÁCULO
ANDAMOS A REBOQUE PORQUÊ?
Criar um espetáculo que reflete sobre Educação é entrar num mundo que parece não ter fim. Começamos por olhar para trás e fazer regressar memórias coletivas e individuais, questionando o que terá ficado em nós dos tempos de escola, dos seus conteúdos, dos professores, dos colegas, da família e da comunidade onde nos inserimos.
Mas afinal o que é educação? Mais difícil ainda, como fazê-la?
Não creio que as respostas sejam fáceis, até porque o sistema de ensino não se tem dado bem com a rapidez dos tempos da hipermodernidade – cultura do excesso, do intenso e do urgente, onde as mudanças, quase sempre ‘efémeras’, ocorrem no ritmo quase esquizofrénico de pressão sócio-temporal levada ao limite – uma sociedade em que o tempo é acelerado e extrapolado porque se dilui nas urgências.
A sensação que tenho, como contador de histórias (há mais de 12 anos em várias escolas), amigo, tio ou como pai é que a bagagem humana, criativa e emocional que uma criança carrega vai-se esfumando e que os miúdos são preparados para funcionar num sistema alienado e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas.
De fato, não me parece prudente insistir numa Escola fria e com programas cheios. É até perverso ocupar o tempo de uma criança com informações tão distantes dela enquanto há tanto conteúdo ndentro dela, que pode ser usado para que ela se surpreenda a ela própria. É chocante para uma criança, sobretudo no primeiro ciclo, o primeiro contacto com o “regime” escolar! Porém, os miúdos têm essa capacidade extraordinária de se adaptarem ao sistema “adulto”, “sério” e “profissional” do ensino.
Segundo o psicólogo chileno Cláudio Naranjo o sistema instrui e usa de forma fraudulenta a palavra ‘educação’ para designar o que é apenas a transmissão de informações. “É um sistema que quer um rebanho para robotizar.” A educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial – passar nos exames, ter boas notas, títulos, bens, bons empregos, estabilidade financeira – e isso é uma distorção do que deveria ser o seu papel! Confunde-se educação com inteligência, com melhor desempenho, melhores notas e melhores recomendações para os currículos. Pergunta Naranjo: a pessoa com o QI mais alto do mundo será também a mais educada?
Já Gilles Lipovetsky, filosofo francês, teórico da hipermodernidade, defende que, termo-nos livrado do antigo sistema, que fomentava um nacionalismo agressivo e contribuiu para as guerras mundiais, já foi um grande passo. O filósofo defende que há um enorme trabalho a fazer na educação, aí está tudo por inventar, pois o caminho mais lúcido para conseguirmos reequilibrar as patologias do mundo contemporâneo e corrigir os excessos e desequilíbrios de uma sociedade que reduz o ser humano a uma espécie de ‘homo consumericus’ passará por reinventar a educação.
O que é que nos impede de criar uma escola diferente? De forma inocente afirmamos que seria simples apelar a uma transformação quando não há sistemas de educação obrigatórios na Europa e nem as famílias são obrigadas a educar os filhos desta ou daquela maneira. Sabemos, porém que a Educação não muda porque está ao serviço dessa sociedade de consumo urgente, descartável e globalizada. Karl Marx queria transformar o mundo e a consciência humana – talvez seja necessário começar por pensar a educação. É preciso refletir sobre esta para depois mudar alguns paradigmas. É um trabalho muito importante. A educação não tem que andar constantemente a adaptar-se aos tempos, ela tem que ter a capacidade para ser o motor dos tempos.
Podemos imaginar sistemas de educação diferentes?
Carlos Marques
Fevereiro de 2019 – Texto de encenação
ficha técnica
Criação, composição e interpretação Carlos Marques
Apoio à criação Susana Cecílio
Texto Jorge Palinhos
Vídeo de Cena Rodolfo Pimento
Desenho de Luz Pedro Bilou
Dispositivo Cénico Carlos Marques e Susana Cecílio
Voz off Ana Marques
Operação técnica Manuel Abrantes
Carpintaria José Manecas
Design Gráfico Susana Malhão
Produção Alexandra Jesus
fotografias de cena
vídeos
audios
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